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TORCIDA DE FANÁTICOS

  • Marcela Pedrosa
  • 8 de out. de 2017
  • 2 min de leitura

Seis e meia da manhã. Lá fora, a vida urbana já está a todo vapor, literalmente. O barulho dos carros antecipam a quantidade de poluentes que em breve meu organismo vai respirar. Meu sono é interrompido pelo despertador que de segunda a sexta-feira não contesta por um segundo em me acordar na melhor parte do sonho. Prestes a sair de casa, dou o último gole no leite e lembro de duas coisas: hoje é dia de jogo do Brasileirão e, em frente à minha residência, encontra-se um restaurante que faz transmissão do campeonato. Nesse momento, custo a acreditar que nem os quatro ônibus diários que pego se comparam ao transtorno que passo nas noites de quarta-feira.

Silêncio é só o que meu ouvido pede, mas por volta das 22h, já consigo escutar a euforia dos amantes pelo esporte ecoando pelo ar e inconvenientemente visitando minha audição. Nesse momento, eu uso o restante de energia que tenho e faço o maior esforço para me concentrar no quanto o futebol é importante e transformador para a sociedade brasileira, além de movimentar a economia da nação e... Continuo achando péssimo o barulho, mas só aceito.

O futebol é mesmo algo fascinante. E a relação dos torcedores com os times é algo surreal. Mas como se explica essa paixão? Alguns cientistas dizem poder comprovar que esse sentimento se assemelha ao amor romântico. Eu diria que chega a ser ainda mais intenso.

No decorrer da vida, conhecemos pessoas, nos sentimos atraídas por elas, namoramos uma, duas ou três. Às vezes casamos (com quem acreditamos ser a nossa alma gêmea), separamos (algumas pessoas sim, outras não). Isso todo mundo já sabe, não falei nada além do óbvio. Mas você conhece alguém que tenha mudado de time ao longo da sua existência? Evidentemente que há pessoas que viraram casaca, mas as chances são mínimas. Assim como não podemos mudar o nosso tom de pele ou a cor dos nossos olhos de uma hora para outra, o time de futebol pelo qual alguém torce, na maioria das vezes, permanece inalterável. É como se fizesse parte da identidade do sujeito, algo que passa de pai para filho. Torcedores de futebol são mais fiéis aos seus times do que somos aos nossos amores. Esse sentimento é mais intenso não somente por isso, mas também por se tratar de uma paixão compartilhada por centenas de milhares de pessoas fanáticas.

A paixão pelo futebol é mais agressiva também. A linha entre o amor e o ódio gerado pela rivalidade é bastante tênue. O Brasil é o país com mais mortes em brigas de torcidas organizadas.

Estima-se que a violência mata dez torcedores brasileiros a cada ano. E essa agressão de que falo não se limita só à física. Os torcedores também trocam agressões verbais e morais frequentemente, com humilhações e ofensas homofóbicas, racistas, de classe, entre outras. É um problema estrutural. Agora eu posso perceber... Antes fosse o barulho de madrugada que perturba o sono de muita gente todo o transtorno causado pelos torcedores fanáticos do futebol.


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