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UMA VOLTA NO TEMPO, NUNCA MAIS...

  • Wanda Nascimento
  • 3 de nov. de 2017
  • 2 min de leitura

Minhas manhãs de domingo eram felizes e eu não tinha me dado conta disso, até aquela curva... Triste curva, em pleno mês de maio. Mês da família, todos reunidos, feriado nacional, Dia do Trabalhador... Era um dia muito especial mesmo. Tanto que até hoje meu peito dói quando lembra. Tudo favorecia um clima de felicidade. Eu era apenas uma menininha que brincava de boneca, cheia de cachinhos nos cabelos, mas apaixonada pelo ronco de um motor. E que motor! O seu carro era perfeito. Mas ele sem você, não me faz mais feliz.

Lembro que me acordava bem cedinho para assistir à TV, religiosamente incentivada pelo papai, que gostava de possantes, colecionava muitos carrinhos coloridos e tinha vários enfileirados na prateleira do cômodo na sala. Pequena, mesmo sem entender a linguagem do homem que falava na televisão, sempre empolgado a cada volta que aquele carro percorria no autódromo. Era como se eu estivesse lá, tudo era mágico.

O grito da torcida que ecoava, como vozes de bravos guerreiros em combate. Quando recordo, parece que estou revivendo aquele dia, que dia difícil e doloroso. Esperávamos como nunca tua vitória na chegada, mais não foi bem assim... Naquele dia chorei tanto... Meus olhos brilhavam ao vê-lo, mesmo que de tão longe, mesmo sem me conhecer ou saber sequer o meu nome. Mesmo assim te amava, afinal, era o meu ídolo que estava indo embora e desta vez para eternidade.

Meu coração de menina parecia que iria saltar do peito de tanta emoção. Como você foi importante pra mim... Quem não sentiu a sua partida naquele triste domingo? Depois da sua ida, nada é igual. Os treinos são contínuos, mas a alegria se foi, a torcida está contida perdeu o sentido do grito, o narrador não embarga mais a voz ao falar: "Brasilllllllllllllllll"... As manhãs de domingo, não tem o teu perfume, a pista do autódromo sente a falta do teu olhar... Olhar distante, porém focado no objetivo da corrida.

Ayrton Senna do Brasil, do Brasil de cada pele parda, negra, branca ou amarela. Totalmente miscigenada, mais Brasileira do que nunca. Todos eram iguais em Ímola, não existia espaço para outra cor, senão: verde e amarelo. Minha memória te saúda e reverencia todas as vezes que retrata tua imagem.

O nosso tricampeão perdeu para uma barreira de concreto, e junto com ele milhões de apaixonados por fórmula 1. Eu uma menininha na época, hoje uma mulher que divaga na lembrança de tua imagem refletida na tela. Meus olhos mergulhados em lágrimas ao digitar cada letra, repõe a certeza que tivemos um grande e inesquecível líder na pista. Alguém que vestia nossa camisa e transmitia fé e esperança na disputa de uma partida.

Um final de semana que para mim, poderia nunca ter acontecido. Entretanto, a vida pertence a Deus e que Ele te conserve eterno, como você merecerá sempre ser lembrado...

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