UMA ELIMINAÇÃO NA COPA DO MUNDO PODERIA AFETAR A ELEIÇÃO PRESIDENCIAL 2018?
- Maria Eduarda Bravo
- 25 de nov. de 2017
- 3 min de leitura
Com a Copa do Mundo de 2018 se aproximando alguns meses antes das eleições presidenciais brasileiras (que ocorrem no mês de outubro), um ‘belo jogo’ poderia ter sérias intervenções políticas para o país de mais de 200 milhões de pessoas. A maioria dos brasileiros ainda vê a perda em uma partida de futebol como uma fonte de vergonha nacional. Sempre se é esperado o máximo da seleção brasileira na Copa do Mundo. Só que o governo do período de 2014 e a FIFA entregaram ao povo brasileiro o que eles não esperavam.
Uma memória que talvez não seja esquecida por milhares de brasileiros, é a da partida contra a seleção da Alemanha, no dia 8 de julho, na Copa do Mundo de 2014 sediada no Brasil. Aquele famoso 7x1, foi um choque tão grande que muitos talvez nem tenham notado a dimensão do acontecimento. Antes, é melhor recordar que no mesmo ano, aconteceu as eleições estaduais e presidenciais. Mas quem se lembraria desse acontecimento se a nossa amada seleção pentacampeã, três meses antes, levava uma goleada vergonhosa? Bem, talvez nós não enxergamos ou refletimos direito sobre as eleições, mas as consequências da derrota na copa realmente 'infectaram' os eventos políticos que estavam por vir.
Eleições presidenciais e Copa do Mundo andam juntas há muito tempo
Com o passar dos anos, nota-se as coincidências. Em 2002, o Brasil ganhou a Copa só que o candidato à presidência Henrique Cardoso foi derrotado nas eleições de outubro. Em 2006 e 2010, o Brasil não era o campeão, e então o presidente Lula foi reeleito [2006] e sua candidata (Dilma) foi eleita em 2010.
Os resultados esportivos representam um excelente exemplo para provar que essas festividades afetam o humor e a satisfação das pessoas com o status. Um tempo atrás, até achavam que era totalmente irrelevante para a atividade do governo.
Cerca de US $ 11 bilhões foram gastos em preparativos da Copa do Mundo, em estádios e infraestrutura, sendo que muitas delas não chegaram a ser concluídas. "Eu queria que o governo tivesse feito algo bom, mas eles não terminaram nada. Nem os aeroportos, nem estádios, nada da infraestrutura", disse Flávio Gomes, de 46 anos.
No dia seguinte à perda histórica do Brasil por 7x1 para os alemães, os manifestantes queimaram mais de 20 ônibus em São Paulo. Em Belo Horizonte, a cidade que acolheu o jogo, uma reunião de milhares de pessoas ficou desagradável quando os manifestantes incendiaram a bandeira do Brasil e outros jogaram pedras na polícia.
Copa do Mundo no Brasil: uma oportunidade incrível
O evento esportivo sediado no Brasil em 2014, tornou impossível que o governo ignore os problemas sociais de longo prazo do país. Também incentivou os trabalhadores brasileiros a pressionar por mais direitos. No período da Copa, muitas categorias profissionais realizaram greves como forma de receber alguns benefícios.
O jornalista de esportes, David Saboya, se lembra da época em que a política era criticada constantemente. "O que as pesquisas diziam é que as pessoas estavam muito chateadas com a política, com o sistema político, com os partidos políticos", acrescentou.
Até para o Felipe Massa sobrou:
A Copa do Mundo de incertezas
De acordo com o diretor de pesquisa da Datafolha, Alessandro Janoni, 30% dos eleitores brasileiros não tinham candidato presidencial preferido. Esse foi o nível de incerteza dos eleitores mais alto na história do Brasil e pelo visto esteve relacionado à insatisfação com o planejamento do governo em torno da Copa do Mundo, disse Janoni afirmou em uma entrevista a Folha de São Paulo.
O que podemos esperar para os dois eventos em 2018?
Bem, a resposta só o seu Deus (se tiver) sabe. Não se espera que resultados no campo afetem as eleições que ocorrem no mês de outubro, mas talvez estes eventos fora dos estádios possam ter um impacto. Se algo corre muito errado na organização da Copa, a oposição pode usar contra o governo atuante. Serão os resultados que dizem como a democracia funciona.
O que eu confirmo é que terá dois lados. Em um lado, você tem aqueles que estão no comando que nem conseguem entender o que está acontecendo e estão fazendo negócios como de costume. Por outro lado, você tem pessoas infelizes com terríveis problemas sociais e capazes de lutar contra uma plataforma política.
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