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CIDADE DA COPA: UM SONHO NÃO CONCRETIZADO

  • Arthur Rodrigues
  • 28 de nov. de 2017
  • 3 min de leitura

Estádio, parques, hotéis, escolas, escritórios, indústrias e centro de convenções. Esses foram alguns dos benefícios prometidos para a construção da Cidade da Copa, em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife. O projeto era de conclusão da primeira etapa até o início de 2014 e da segunda até o final de 2025. De tudo o que foi planejado, apenas a Arena Pernambuco ficou pronta. Mas, afinal, o que de fato seria a cidade da Copa? Por qual motivo ela seria construída?

Fonte: Governo do Estado

A Cidade da Copa foi um planejamento de empreendimento imobiliário para atender ao Mundial de 2014. O projeto previa a construção de uma cidade inteligente às margens do Rio Capibaribe. A promessa era de que a cidade seria ecologicamente correta, fazendo máximo uso de recursos naturais. Além disso, ela teria um sistema integrado de transporte público, monitoramento e grandes parques públicos com área correspondente a 20 Parques da Jaqueira. A ideia principal era aquecer o turismo da região e fazer com que houvesse um crescimento da cidade de São Lourenço e de seus arredores.

O gasto previsto era de R$ 1,5 bilhões. A cidade foi pensada para ser construída em um local estratégico, que interligaria os principais municípios da Região Metropolitana do Recife (Jaboatão dos Guararapes, Recife, e Olinda) e com uma distância de 19km do centro da capital. As empresas licitadas na época foram a Jr/Servix, para a construção do plano de mobilidade e a multinacional Odebrecht. No entanto, ambas tiveram os contratos encerrados. Assim, uma nova licitação foi realizada este ano apenas para conclusão de Terminais Integrados e estações de BRT.

Seu Fernando Oliveira, 57 anos, mora no município há mais de 20 anos, e lembra das promessas que escutou na época: “Era uma coisa de outro mundo, parecia que iam construir uma cidade de país rico. Era escola, emprego pra todo mundo, derrubaram um monte de casa, loja, e hoje o matagal só serve pra atrair bicho e esconder bandido”, lamenta.

Três anos depois da Copa do Mundo de 2014, a única coisa que encontramos é a Arena e um imenso terreno baldio ao redor dela. Como Seu Fernando relatou, a falta de segurança também é outro problema que vêm assombrando os moradores da região, já que, de acordo com os moradores, o espaço tem servido de refúgio para a prática de crimes e o uso de drogas. Após encomendar uma pesquisa junto à Fundação Getúlio Vargas (FGV), a conclusão do Governo de Pernambuco foi de que a cidade, na verdade, não iria atrair turistas devido à distância do litoral e dos grandes centros urbanos e, consequentemente, teria utilidade apenas no período da Copa. Para piorar a situação, após romper com a parceria público-privada, o Governo do Estado já acumula uma dívida de cerca de R$ 80 milhões com a Arena de Pernambuco, já que nenhum time do Estado consegue utilizar a sua capacidade máxima de 46 mil pessoas. Fica, então, o questionamento: valeu a pena os R$ 743 milhões investidos em um único estádio, para receber jogos de uma Copa do Mundo?

A esposa de Seu Fernando, Dona Mirian Almeida, 52 anos, também viu tudo de perto e responde essa pergunta: “Era melhor deixar do jeito que estava. Pelo menos com todo mundo nas suas casinhas a gente tinha paz. Agora ficou só um terreno enorme abandonado, e a gente passa o dia em casa com medo. Antigamente a Polícia dava mais conta do recado. Hoje em dia, mal a gente vê um pé de gente na rua”. Os números da Secretaria de Defesa Social confirmam: os homicídios subiram de 42 para 54 de 2015 a 2016. Um aumento de 63%. Os números de roubos também aumentaram, no mesmo período. Passaram de 786 para 1447. Um crescimento de 269%.

Em relação às obras que deveriam ter acontecido nos terrenos próximos à Arena Pernambuco, o Governo do Estado informou por meio de nota que ainda não tem nenhuma prevista para o local. Já em relação à segurança da cidade, a Polícia Militar informou, também por meio de uma nota, que está fazendo o policiamento periódico do município, e que pretende aumentar as rondas na região.

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