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ESTAMOS CADA VEZ MAIS SEDENTÁRIOS?

  • Erika Muniz
  • 5 de nov. de 2017
  • 4 min de leitura

Controle remoto, telefone sem fio, comida delivery. Por fazerem parte do cotidiano, muitas vezes, não são percebidos como alternativas que fazem verdadeiros "elogios à preguiça", para usar da expressão do filósofo Adauto Alves. "O sedentarismo é um dos principais fatores de risco cardiovascular, uma vez que favorece a obesidade, as formações de placas de gorduras das artérias e o diabetes", explica a cardiologista pernambucana Glória Aureliano, 56. Este ano, o Ministério da Saúde publicou pesquisa realizada em todas as capitais que alerta: Uma em cada cinco pessoas está acima do peso ou obesa no Brasil. A incidência de obesidade era de 11,8%, em 2006 mas, em 2016, o percentual chegou a 18,9%. Estaríamos cada vez mais sedentários, mas a que se deve esse crescimento?

Para refletir sobre esse alto índice, a nutricionista pernambucana Daniela Galvão, 27, traz um pouco de sua experiência como profissional da alimentação e brasileira que procura ter bons hábitos. "A gente costuma dizer que exercício mais alimentação é o ´combo´ perfeito para uma vida mais saudável. Só com alimentação e sem atividade física, a pessoa pode não ter um condicionamento físico realmente bom mas não vai ter a massa muscular desenvolvida, importante, inclusive, para uma pele saudável. Alimentação saudável é importante, mas exercício físico pelo menos três vezes por semana, ao menos meia hora por dia, chega a ser imprescindível".

Está dito, para os que não praticam exercício, o importante é sair da inércia, afinal, “quem tem mais tempo de sedentarismo vai ter maiores riscos de doenças associadas", nas palavras da endocrinologista pernambucana Maira Melo da Fonseca, 30. Ao sedentarismo estão associadas doenças crônicas, como o aumento da probabilidade câncer de mama e de útero, artrite e artrose, essas últimas relacionadas às articulações. Numa perspectiva holística, "corpo são, mente sã", pois uma alimentação completa, com diversos nutrientes acaba contribuindo para o melhor desempenho de calouros ou veteranos nas práticas esportivas.

Os benefícios vão muito além do bem-estar físico e da estética aos que seguem bons hábitos. A biomédica Marcela Salazar, 27, é um exemplo de quem sempre se exercitou. Assim como muita gente, o início foi justamente nas aulas de Educação Física. Entre 12 e 14 anos, praticou vôlei na escolinha do Clube Náutico Capibaribe e frequenta a academia desde os 16 anos. “Pratico atividade física normalmente cinco vezes por semana, faço musculação às 7h da manhã e um pouco de aeróbico. Se não for a semana inteira, sinto falta porque me deixa mais ativa, com mais disposição, quando não vou já sinto uma preguiça para todas atividades do meu dia”, explica. Diferentemente da maioria dos brasileiros, o exercício físico é considerado uma de suas prioridades durante o dia. Inclusive, a endocrinologista Maíra Melo da Fonseca, relata que a principal justificativa para a ausência de exercícios é a falta de tempo e o cansaço.

A disciplina de Educação Física também foi a porta de entrada para a prática de exercícios da comerciante Eliane Silva, 49 anos. Ela conta que desde muito jovem descobriu o atletismo na escola. “No início da infância sempre pratiquei educação física, gostava muito de velocidade. Nos anos 1980, até ganhei medalhas nas corridas de 100m no colégio. Também fazia dança e ensaiava duas vezes na semana", relembra. Quando cresceu, continuou frequentando a academia - ambiente que encontrava seu auge na década de 1980. Silva é alérgica da tríade "rinite, sinusite e otite" e se quando se exercitava elas eram controladas. Atualmente, afirma que seus problemas respiratórios pioraram, além de ter um aumento considerável da fadiga. No corre-corre do trabalho, opta pelo mais breve quando o assunto é alimentação, o que repercute no aumento de peso - cerca de 30 kg a mais. Em 2018 pretende mudar os maus hábitos. "Preciso", afirma bem-humorada.

O consultor de planos de saúde Marcos Vital, 52, não deixou para o próximo ano. Ele é hipertenso e há cerca de três meses caminha vários dias no Parque da Macaxeira e controla a alimentação, para diminuir, principalmente, os riscos provenientes das doenças crônicas. “Hoje sou exemplar na alimentação. Cortei pão, refrigerante e nesse tempinho, já perdi 12kg, mas quero perder mais! De modo algum como carne vermelha, mas no fim de semana, tomo minha cervejinha". As caminhadas são previamente combinadas com seu médico, que o atentou para o uso de calçados adequados por causa da artrose.

A falta de auxílio profissional, inclusive, é uma das principais preocupações para a endocrinologista Maira Melo da Fonseca. É muito importante o acompanhamento de profissionais de cada área para que as necessidades e objetivos de cada um sejam contemplados. Mesmo assim, ainda é comum chegarem aos consultórios pacientes com dores decorrentes de exercícios aprendidos em alguma rede social ou incômodos estomacais por conta do uso indevido de alimentos ou chás da moda. "Infelizmente, muita gente tem buscado informações somente nas redes sociais que, na maioria das vezes, não são nem de revistas científicas ou não são comprovados cientificamente se há benefícios", relata a médica.

Independentemente do exercício praticado, ele deve estar associado a uma alimentação saudável para que a performance e execução não sejam comprometidas. Se em décadas anteriores o Brasil era marcado pela desnutrição, com uma transição alimentar desordenada associada não somente ao poder aquisitivo mas a uma falta de educação alimentar, observa-se uma crescente tendência da população à obesidade. Os dados da pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) alertam que há cada vez menos consumo de ingredientes considerados básicos e tradicionais, a exemplo do tão brasileiro feijão. Outra constatação é a de que somente um em cada três adultos consome frutas e hortaliças em cinco dias da semana.

Como dito anteriormente, aos que ainda não começaram a se exercitar, é importante começar o quanto antes, sempre com alimentos ricos em fibras e proteínas. Mas não dá para abrir mão de procurar ajuda profissional. A cardiologista Glória Aureliano também alerta para os cuidados necessários: "Só um médico pode realmente analisar um risco que cada paciente se expõe, com avaliação da pressão, do exame cardíaco, bem como orientá-la como prevenir ou tratar qualquer alteração".

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